terça-feira, 29 de abril de 2014

Motivados pela Competição (Eclesiastes 4.4)

Vitória, Todo trabalho e toda realização surgem da competição que existe entre as pessoas
Devocional de 29/04/2014.

"Descobri que todo trabalho e toda realização surgem da competição que existe entre as pessoas. Mas isso também é absurdo, é correr atrás do vento." (Eclesiastes 4.4)

A Bíblia nos revela muito sobre nós mesmos. O livro de Eclesiastes é especialmente sincero na descrição humana, e no trecho acima somos presenteados com uma verdade intrigante sobre a qual poucas vezes refletimos: o quanto somos motivados pela competição com as outras pessoas!

Embora isso seja um absurdo, uma vaidade, uma correria atrás do vento, trata-se de uma verdade reveladora a nosso respeito: todo trabalho e toda realização é motivada pela competição. Queremos ser reconhecidos, respeitados, admirados, destacados das outras pessoas por sermos melhores do que elas em algum aspecto.

Acho fundamental entendermos esta realidade, pois ela nos permite que façamos diferenciação entre uma atitude carregada de egoísmo, desrespeito, ofensa e maldade de uma atitude competitivamente saudável, que consiste na busca dos objetivos pessoais porém mantendo a gentileza, o respeito, o amor e a paz em relação aos outros. A falta dessa compreensão tem levado muitos a considerar diferentes motivações e atitudes como se fossem iguais, e a taxar pessoas justas, que lutam por ideais pessoais nobres, como se fossem pessoas perversas, que passam por cima de qualquer coisa para conquistar seus objetivos.

A competitividade é natural e é boa. A pessoa que não se impõe desafios, que não aspira por nada, que não sonha, que não luta, que não almeja se destacar em algo é uma pessoa incompleta e tomada pelo desânimo e pela apatia. O apóstolo Paulo escreveu: 

"Vocês não sabem que dentre todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. (1 Coríntios 9.24-25)

Portanto, ser cristão não significa ser "sangue de barata". Você jamais amará o seu próximo como a si mesmo se você não amar a si mesmo. Você não precisa se sentir culpado se perceber que seu coração deseja e suas ações conseguem um ministério admirável, uma pregação elogiável, uma banda querida, uma rede social "bonbando", uma oração atendida, uma família abençoada, uma nota elevada nas provas, uma promoção no trabalho, uma boa venda, uma vitória num pleito, uma medalha no esporte, um negócio lucrativo, uma beleza admirada, etc. Parece estranho que se faça necessário dizer isto, mas é importante: não é pecado vencer, não é errado lucrar, não é crime ser admirado...

Infelizmente, uma visão equivocada de séculos anteriores condena a competitividade, a diferenciação e a individualidade. Fico indignado quando vejo pessoas defendendo, por exemplo, com base sei lá em que, que Cristo era socialista e queria que todos fossem iguais. Não, meu querido, não somos todos iguais, e Deus não quer que sejamos iguais. Temos oportunidades iguais, mas por alguma combinação da graça de Deus com os nossos próprios méritos, nos tornamos diferentes uns dos outros. Quem crê que Cristo era "socialista" e abominava o capitalismo nunca leu a parábola dos talentos, por exemplo, na qual o senhor escolheu dar um talento a um servo, dois talentos a outro e cinco a outro, e então elogiou aquele que por mérito fez bons negócios e transformou os cinco em dez, mas condenou aquele que enterrou seu único talento, fazendo com que este ficasse sem nenhum talento e entregando-o ao que já tinha dez (Mateus 25.15-19). Os servos receberam diferentes recompensas conforme o resultado que obtiveram, e o trabalho deles foi comparado. Não podemos ignorar que a qualidade daquilo que fizermos será revelada um dia, e todos verão se estamos edificando o Reino de Deus com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha (1 Coríntios 3.12-15).

Portanto, não condene alguém que, adorando a Deus e respeitando e amando o seu próximo como a si mesmo, luta por seus ideais, persegue os seus objetivos, conquista suas metas pessoais e sonha em se destacar naquilo que faz. Se você fizer uma auto-análise sincera, verá que também compete em alguma coisa com alguém o tempo todo. E não há problema nenhum se a competição for sadia e fraterna.

O tempo todo somos motivados pela competição. As crianças competem pela atenção dos pais, os jovens lutam pela aceitação dos colegas, as meninas anseiam por admiração, e até os profetas querem ser aprovados pelo Senhor. E o tempo todo são usadas comparações com outras crianças, outros jovens, outras meninas e outros profetas como forma de medir o "grau" de nossa aprovação.

É claro que tudo isso é bobagem e correr atrás do vento, como diz a parte final do verso de Eclesiastes 4.4. É por isso que a Bíblia nos ensina a continuar competindo, mas correndo atrás daquilo que realmente vale à pena. Veja:

"Todos os que competem nos jogos se submetem a um treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece; mas nós o fazemos para ganhar uma coroa que dura para sempre. Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar." (1 Coríntios 9:25-26)

Ou seja, adeque os seus objetivos aos propósitos que Deus tem para você, e assim você vai continuar competindo, mas não sem sentido. Não corra sem alvo, não esmurre o ar. Lute pela coroa que dura para sempre. Brigue para conquistar aquilo que realmente vale à pena. Direcione a sua vida no sentido daquilo para o qual Deus te criou, e seja o melhor do mundo nisto! Vá em frente, conquiste, vença! Glorifique a Deus sendo excelente naquilo que é bom (Romanos 16.19) e não tema se destacar como um José, um Daniel, um Davi ou uma Maria. Vai lá e arrebenta! Faça o melhor. Seja o melhor. É daí que vem o trabalho e a realização.

Graça e Paz!

blogdopastortulio.blogspot.com.br


3 comentários:

  1. Cheguei a esse texto por causa do versículo. Acho que as vezes temos medo de nos dizer competitivos sim... Gostei muito dessa devocional!

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  2. Texto maravilhoso. Digno de elogios.

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  3. Obrigado por esse texto abençoado!

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