"Mas o homem nobre faz planos nobres, e graças aos seus feitos nobres permanece firme." (Isaías 32.8)
Na nossa história, o nobre é o indivíduo que conquistava vitórias nas batalhas e, como prêmio, recebia do rei um território sobre o qual passava a exercer controle político. Sua honra e seu caráter eram exemplares e indiscutíveis. O nobre era honrado como uma pessoa de elevados padrões, que zelava pela justiça e pela prosperidade de sua comunidade.
No cenário bíblico, a pessoa nobre é definida como aquela que faz planos nobres que geram feitos nobres, e permanece firme graças a isto (Isaías 32.8). Não importando qual seja a origem e a história familiar da pessoa, Deus valoriza e considera como nobre aquele(a) que planeja e realiza o bem. O Rei Eterno considera como príncipes justos os homens que são como um esconderijo contra o vento e um abrigo contra a tempestade, como correntes de água em terra seca e como sombra no deserto (Isaías 32.1-2).
Mas muitos tolos têm sido considerados como se fossem nobres, e muitas pessoas perversas e sem caráter vem sendo tidas em alta estima (Isaías 32.5-7). Quando não se faz distinção entre bandidos e nobres, entre exploradores e sábios, entre desonestos e justos, a nação cai numa terrível situação de inconsistência e maldição.
Infelizmente, o Brasil tem experimentado esta realidade há algum tempo, quem sabe desde seu descobrimento. Somos o país do jeitinho, da preguiça, da enrolação, da indolência, do tirar proveito, do levar vantagem, do feriado prolongado, da farra sem dinheiro, do futebol e do carnaval. A maior parte dos brasileiros não preza pela sabedoria, pela assertividade, pelo planejamento, pela produtividade, pela economia e pelo controle. A maioria quer receber sem trabalhar, quer ganhar sem investir, quer desfrutar sem merecer, quer que alguém faça por ela aquilo que ela deveria fazer.
Não se trata apenas uma questão de maus políticos. Os políticos são ruins porque as pessoas boas não querem se envolver com política. Os que não gostam de política são governados pelos que gostam. Muitos sequer se dão o trabalho de escolher um candidato. O conformismo e o silêncio das pessoas de bem assusta mais do que a perversidade e a corrupção das pessoas más.
Os números e os fatos mostram com uma estarrecedora clareza que a cultura brasileira precisa ser transformada, sob o risco de sermos todos arruinados em poucos anos. Veja alguns exemplos:
- Um estudo inédito realizado pela consultoria BrandAnalytics, empresa ligada à Millward Brown Optimor, um dos maiores grupos de pesquisa do mundo, revela o que os próprios brasileiros acreditam que, se o Brasil fosse alguém de carne e osso, a principal característica, aquela que se vê logo de cara, seria a desonestidade. O brasileiro não tem visão de país e não tem muita esperança de solução. Mais da metade da população entende que não estamos no rumo certo. Esta pesquisa, divulgada esta semana pela revista IstoÉ, aponta um profundo desalento e descrédito nas instituições, no governo e no semelhante. Leia mais:
http://www.istoe.com.br/reportagens/360834_O+DESENCANTO+COM+O+BRASIL
- Um em cada quatro brasileiros está no bolsa-família. O total de beneficiados chega a 45,8 milhões de pessoas, e esse número só cresce. Nada é feito para que as pessoas "aprendam a pescar" e saiam da miséria.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,um-em-cada-quatro-brasileiros-esta-no-bolsa-familia,38787,0.htm
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/numero-de-beneficiarios-do-bolsa-familia-so-cresce
- O Brasil não atendeu as expectativas mínimas para organização de uma Copa do Mundo e uma Olimpíada. Nunca na história jamais se viu tamanha desorganização e atraso na condução de um projeto tão relevante. E o legado proveniente desses projetos será nulo.
http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/valcke-diz-ter-vivido-um-inferno-na-preparacao-da-copa
http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=8&cid=196307
http://www.lancenet.com.br/copa-das-confederacoes/Declaracoes-Blatter-incomodam-governo-federal_0_947905209.html
- Brasil é o país da insegurança. Respondemos por mais de 11% dos homicídios no mundo, mesmo tendo menos de 3% da população mundial. Em ranking com 132 países, ocupamos as piores posições. Somos também o país da impunidade.
http://ricamconsultoria.com.br/news/infografico-imagens/inseguranca-colocacao-do-brasil-em-ranking-de-132-paises
http://www.justicaemfoco.com.br/?pg=desc-noticias&id=87802&cat=Mais%20Not%C3%ADcias
- Brasil ocupa também as piores colocações do mundo em ranking de educação, produtividade e competitividade global
https://twitter.com/Ricamconsult/status/460795150512295936/photo/1
http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/miriam-leitao/2013/09/04/PROBLEMAS-DE-MOBILIDADE-URBANA-E-LOGISTICA-REDUZEM-PRODUTIVIDADE-NO-BRASIL.htm
- Brasileiro não se compromete com a escolha de seus governantes e se abstém de votar. Abstenção nas últimas leições gerais foram de 21,5%, chegando a 27% se somarmos brancos e nulos.
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/manchetes-anteriores/abstencao-de-21-5-nas-eleicoes-e-a-maior-desde-94/
https://www.metodista.br/cidadania/numero-61/participacao-politica-do-brasileiro-ainda-e-incipiente
Ou seja, nossa cultura precisa ser mudada. Os nobres do Brasil precisam aparecer. Não podemos ter como heróis apenas jogadores de futebol, cantores de axé ou atores globais. É preciso que se exalte aquele que anda corretamente e fala o que é reto, que recusa o lucro injusto e cuja mão não aceita suborno, que tapa os ouvidos para as tramas dos assassinatos e fecha os olhos para não contemplar o mal (Isaías 33.15).
Nenhuma cultura é transformada do dia para a noite. Isso dá muito trabalho. É preciso influenciar, formar opinião, ensinar, educar... É preciso antes de tudo amar o Brasil e lutar por ele, ao invés de simplesmente pegar o avião e deixá-lo. O patriotismo precisa ser recuperado, não em um simples torneio de futebol. Precisamos vencer outros campeonatos mais importantes, e em muitos deles jamais passamos da primeira fase.
Mais importante do que ser milhões de "técnicos da seleção" a escalar atletas e definir um esquema tático para o futebol, precisamos ser ao menos centenas de "nobres", dedicados a encontrar soluções práticas e rápidas em favor da saúde, da segurança, da educação, da sustentabilidade e da mobilidade em nosso país. Precisamos participar, discutir, sugerir, denunciar, educar e promover a cidadania, o respeito, a justiça social e a ética.
Que Deus tenha misericórdia de nós e transforme o nosso Brasil, levantando nobres corações para planejar e executar coisas nobres, e se firmarem à frente do povo.
Graça e Paz!
blogdopastortulio.blogspotcom.br
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