domingo, 16 de fevereiro de 2014

Comeu e não gostou (2 Samuel 13.15)

Violência Sexual - Paixão, Violência e Rejeição
Devocional de 16/02/2014.
Mensagem pregada em 16/02/2014, às 10h e às 17h, durante Congresso de Santificação da Igreja Batista Central do Barreiro.

"Logo depois Amnom sentiu uma forte aversão por ela, mais forte que a paixão que sentira. E disse a ela: 'Levante-se e saia!'" (2 Samuel 13.15)

Depois do adultério de Davi, a princesa Tamar e o príncipe Amnom, seus filhos, protagonizaram outro episódio de pecado sexual envolvendo a família real, o qual também resultou em morte e grande tristeza em Jerusalém. Trata-se de um episódio de três fases: Paixão, Violência e Rejeição. Vamos refletir um pouco sobre essas três fases, que ainda hoje acontecem com frequência muito maior do que se possa imaginar.

1) Paixão

A lindíssima Tamar era meia-irmã de Amnon. Tinham mães diferentes, mas Davi era pai de ambos. Eles não cresceram juntos, pois só agora Davi tinha paz e habitava em um palácio recém-conquistado. Cresceram cada um com sua respectiva mãe em locais diferentes, mas agora Davi os tinha todos juntos, enquanto sua atenção era muito voltada para seu novo amor, Bate-Seba, e seu caçula Salomão. 

O jovem Amnon via seu coração disparar toda vez que olhava para Tamar. Sua paixão era tão intensa que ele chegou a adoecer por causa dela. Nada mais importava para ele, senão o desejo de possuir a moça mais maravilhosa que jamais conheceu. Mas ela era virgem e recatada, um sonho impossível para ele.

O primo de Amnon, Jonadabe, resolveu dar uma "força" para seu amigo, e tramou uma situação para deixar Amnon e Tamar a sós. Amnon seguiu o conselho e o plano seguiu conforme imaginado, sem que o descuidado Davi desconfiasse de nada.

Ainda hoje é comum - principalmente entre jovens - alguém se apaixonar por "amores impossíveis". Quanto mais difícil e intrigante é a conquista, mais ele(a) se apaixona. É da natureza humana desejar aquilo que "não pode" e querer superar o desafio de algo que está "além" do permitido. O(A) namorado(a) de outra(o), a pessoa que é casada, o cônjuge do(a) amigo(a) ou do(a) inimigo(a), a pessoa de fama e destaque, a pessoa de idade ou contexto social muito diferente... quanto maior o desafio, maior a tentação, maior a sensação de prazer e poder em conquistar... Mas o nome disso é Cobiça! E Cobiça é pecado (Êxodo 20.17). Não convém desejar para si aquilo que é de outra pessoa.

Mas a cobiça é aguçada e o desejo é ativado quando uma lei (escrita ou não) proibitiva é estabelecida. A mente humana é provocada quando alguém diz a ela que a pessoa não pode ou não deve fazer alguma coisa (Romanos 7.7-8). É por isso que há um ditado que diz que "a grama do vizinho é mais verde". A soma do desejo por algo que parece bom com a conquista de algo que parece impossível produz a satisfação e o prazer de realização, que na verdade nada mais é do que o desfrute da conquista de "ser como Deus", sentir-se poderoso(a), capaz, independente, imortal, acima do bem e do mal (Gênesis 3.3-6).

Quantas vezes, em meu trabalho, já vi uma pessoa realizar uma tarefa, alcançar uma meta, bater um recorde de venda, quando a provoquei insinuando que ela talvez não fosse capaz ou não tivesse talento suficiente para realizar aquilo e superar o desafio? Poucas coisas movem o ser humano como o desafio e a provocação. Nossos sentimentos e relacionamentos também são inconscientemente ativados pelo desafio. É por isso que a Paixão muitas vezes é "cega" (não é o amor que é cego, como alguns costumam dizer, mas sim a Paixão).

Contudo, um dos principais frutos da pessoa que tem o Espírito de Deus é o Domínio Próprio (Gálatas 5.22-23), que se junta à fidelidade, à paciência e à mansidão para se contrapor a frutos da carne, como imoralidade sexual, impureza, libertinagem, invejas, orgias e outros. Entenda isto! Dificilmente a carne conseguirá dominar a carne! É o Espírito de Deus que transforma nosso ser a ponto de nos livrar de nossa própria cobiça. É por isso que devemos andar em Espírito e não nos deixar dominar pela cobiça (Gálatas 5.16-18).

Amnon foi tomado de paixão incontrolável por sua linda meia-irmã Tamar porque não tinha Domínio Próprio. A Cobiça se transformou em angústia, abatimento e doença na sua vida porque ele se permitiu dominar pelo pecado. O primo Jonadabe, ao invés de lhe despertar a consciência e apontar o erro, com amor, agiu como um instrumento do diabo para incentivar o pecado. O conselho do adulador foi co-responsável por tudo o que viria a acontecer depois. Escolha bem seus conselheiros sentimentais! Selecione suas amizades. Não se permita ser aconselhado(a) pelo diabo nos momentos de fragilidade. Cerque-se de pessoas que amam o Senhor e têm o Espírito Santo como Consolador e Conselheiro. Fuja das paixões da mocidade, e ande com pessoas de coração puro (2 Timóteo 2.22).

2) Violência

Conforme planejado por Amnon e Jonadabe, Tamar foi preparar os bolos para o irmão "doentinho" e cuidar dele. Pobre menina! Caiu na cilada. Amnon conseguiu preparar o cenário perfeito para que ele e Tamar ficassem a sós. E então ele a agarrou e a violentou. Utilizou da força física para obrigá-la a fazer sexo com ele. Amnon estuprou Tamar.

Tamar tentou evitar a loucura daquele ato violento. Utilizou argumentos em relação aos costumes de Israel, utilizou argumentos em relação ao que seria dela mesma depois de desonrada, utilizou argumentos em relação ao que seria de Amnon depois desse ato vergonhoso, e utilizou argumentos buscando acordo com Amnon, propondo que ele a pedisse em casamento para o rei Davi, certa de que eles o convenceriam. Mas não houve argumento que convencesse Amnon! Ele estava completamente cego, absolutamente determinado a levar até o fim seu plano perverso. Nada lhe tiraria de cabeça. "É hoje. É agora!", pensava ele.

Também nos dias de hoje, quando decidimos fazer alguma coisa custe o que custar, assumimos o risco de violentar a vontade do outro, atropelar quaisquer argumentos de sabedoria e ferir nossa própria proteção, expondo tudo e todos, estuprando quaisquer barreiras que se impuserem. A determinação do tipo "vai ser assim e pronto" é violenta e imbecil. Não negocia, não ouve, não pondera, não pensa. O uso da força expressa a falência da sabedoria.

Nem sempre a violência que fere e destrói um relacionamento é física. A violência emocional tem atacado milhares de moças e rapazes em nossos dias. Quantos(as) jovens têm cedido à pressão pela perda da virgindade para não serem desprezados por seus(suas) amigos(as)? Quantos homens têm se relacionado com "garotas de programa" porque "todos" os seus colegas de trabalho fazem isso? Quantas mulheres têm cedido a amantes e adulterado com eles porque todas as suas amigas fazem isso e relatam que isso é bom para o próprio casamento? Quantos casais têm transado antes do casamento pelo simples medo de "perder" o(a) namorado(a)? Quantos príncipes e princesas têm se permitido ser violentados(as) em seus valores naturais e em suas convicções espirituais pelo temor de serem taxados como "caretas" pela sociedade? Quantos homens têm deixado ser homens e quantas mulheres têm deixado de ser mulheres, e se ferido a si mesmos pelo modismo imbecil que atrai aplausos e holofotes àqueles que declaram "sair do armário" e se denominarem "gays", forçando em si mesmos o uso antinatural de seus corpos (Romanos 1.26-27) para demonstrar uma rebeldia mimada de quem só quer chamar a atenção por meio da afronta aos pais, à sociedade, à igreja ou ao próprio Deus?

A maior violência é aquela que a pessoa pratica contra si mesma. A moça que entrega seu corpo por interesse, por dinheiro, por medo ou vergonha... O rapaz que vai até o fim para "provar que é homem"... A pessoa que transa com alguém do mesmo sexo para "provar" que é liberal e não tem preconceitos... O marido ou a esposa que adulteram para "provar" para si mesmos ou para quem quer que seja que são livres e podem fazer o que querem... todos estes agem como Amnon, estuprando a si mesmos e/ou a outros, forçando uma situação contrária à própria natureza, ferindo a própria honra e santidade para se tornar parecido com alguém que na verdade não é... Magoando e ofendendo o próprio Deus!

Amnon violentou Tamar, violentou a si mesmo, e violentou o reino de Davi. Trouxe maldição para uma família que deveria representar a glória do próprio Cristo. Envergonhou toda a nação de Israel e entristeceu o Espírito de Deus. Também extingue o Espírito Santo (1 Tessalonicenses 5.19) em sua vida todo(a) aquele(a) que comete violência contra seu próprio corpo. Todo pecado é cometido fora do corpo, mas a imoralidade sexual é um pecado cometido contra o próprio corpo (1 Coríntio 6.18), violentando o Tabernáculo, o Santuário do Espírito Santo de Deus, o Templo onde a glória de Deus deveria habitar (1 Coríntios 6.19-20).

3) Rejeição

Consumada a violência sexual de Amnon contra Tamar, a paixão que ele sentia por ela foi rapidamente transformada em uma ainda mais forte aversão por ela. Imediatamente após ter cumprido a diabólica afronta contra Davi e contra o Deus de Israel, Amnon caiu em si e ficou com nojo de si mesmo e de Tamar. Ele comeu e não gostou!

Depois de estuprar sua irmã, Amnon a mandou se levantar e sair logo. Quando ela recusou, ele gritou por seus servos e estes a forçaram a sair. Para Tamar, ainda pior que a humilhação da violência sexual, foi o desprezo da rejeição de Amnon. O diabo não se contenta em roubar e matar, ele quer destruir (João 10.10)!

As pessoas usadas e humilhadas por satanás não apenas sofrem as consequências naturais da dor que lhes foi imposta. São pisadas e arrebentadas moral, física, sentimental e espiritualmente. Não é coincidência os espíritos maus incorporarem em "mulas". Não é por acaso que o diabo faça com que na busca da sensualidade, as mulheres se façam de "cachorras". O inimigo de Deus luta para que os filhos de Deus não se sentem à mesa do Rei como príncipes e princesas, mas que comam somente migalhas e restos, como cães e cadelas humilhados e feridos, completamente afastados do propósito para o qual foram criados.

O pecado, até o momento de sua concepção, traz prazer. Não podemos nos enganar: até sua realização, pecar é gostoso. Mas tão logo ele é consumado, ele se torna nojento. Depois do engano, o "príncipe" se revela como o sapo" que é na verdade, a prostituta se mostra como "vadia", o adúltero se arrepende amargamente por ter se permitido trocar um banquete maravilhoso que tem em casa por poucos minutos de prazer que lhe ferem a alma, o corpo e o espírito. Percebe-se que o direito de primogenitura foi trocado por um prato de lentilhas (Gênesis 25.31-34). Entende-se que o alto preço pago por Jesus na cruz não foi valorizado.

Rejeição e nojo é tudo que o diabo tem para oferecer a quem se entrega ao pecado. Assim como Amnon repudiou Tamar e a si mesmo, assim também o pecador fica desesperado para se lavar logo e sair correndo daquele lugar terrível aonde fez aquilo que sabia que não deveria ter feito. Só que muitas vezes, esse caminho não tem volta! As cordas da maldade, os laços do engano escravizam e geram dependência naquele que vive na prática do pecado (João 8.34). A pessoa não consegue mais sair e se libertar do vício do pecado porque se tornou filho do diabo (João 8.44). Só a verdade da Palavra de Deus pode libertar (João 8.32). Só o poder do sangue de Jesus pode lavar e purificar novamente o corpo e a alma depravados pelo domínio do pecado.

Conclusão

Relacionamento é coisa séria. Não se pode brincar com isto! A Bíblia é repleta de exortações claras a respeito do perigo da prostituição (relação sexual fora do casamento). Para que não sejamos pegos pela Paixão, pela Violência e pela Rejeição é necessário verdadeiramente vigiar, orar e buscar a santidade em todas as coisas. 

Deus não nos convida a sermos religiosos. Ele nos chama a sermos santos como Ele é Santo (1 Pedro 1.16), e santidade implica em caráter, renúncia e perseverança. Só é santo aquele que ama o Senhor com todo seu coração, toda sua alma e toda sua força. Viver no Espírito é a única forma de resistir à cobiça da natureza carnal e obter vitória sobre a tentação.

Que Deus te abençoe e derrame abundantemente Sua Graça e Sua Misericórdia sobre sua vida.

Graça e Paz!

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