sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A Riqueza como Bênção (ou Maldição) (Gênesis 26.12-14)

Isaque Dinheiro (Gênesis 32.1-2)
Devocional de 05/01/2014.
Mensagem ministrada no culto das 10h do dia 05/01/2014
na Igreja Batista Central do Barreiro (www.centraldobarreiro.com)

"Isaque formou lavoura naquela terra e no mesmo ano colheu cem por um,
porque o Senhor o abençoou."
(Gênesis 26.12)
A tal "teologia da prosperidade" já gerou tanta besteira nos púlpitos do nosso país,
que eu confesso que minha vontade inicial era abdicar de tecer comentários sobre
qualquer texto que falasse sobre dinheiro ou riqueza na Bíblia.
Mas como não é do meu feitio fugir de qualquer tema,
e como meu devocional de hoje
eu estudei justamente os textos que falam sobre a abundância de Isaque,
achei por bem compartilhar minha visão sobre esse tema com toda transparência,
buscando a coerência bíblica.
Em Gênesis 26, percebemos que Isaque trabalhou
e obteve uma colheita espetacular (cem por um)
por causa da bênção do Senhor, e ele enriqueceu tanto que se tornou riquíssimo,
a ponto de ser invejado pelos filisteus (Gênesis 26.12-14).
A Bíblia mostra também que Deus abençoou também com bastante riqueza 
outros homens como Abraão, Jacó, Jó e Salomão,
para falar somente daqueles que tinham riqueza evidente e abundante.
De fato, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó é o Deus da bênção e da prosperidade,
e Salomão afirmou por experiência própria que
"a bênção do Senhor traz riqueza, e não inclui dor alguma"
(Provérbios 10.22).
Aliás, não poderia ser diferente,
uma vez que o Deus Eterno é o dono "do ouro e da prata" (Ageu 2.8),
e a Ele pertence "toda a riqueza" 
(Provérbios 8.18, Apocalipse 5.12).
O problema da "teologia da prosperidade"
é que ela associa diretamente a bênção material
com a condição espiritual da pessoa,
interpretando erronemante esses textos de modo isolado,
fazendo parecer que Deus sempre age dessa forma,
sempre abençoando materialmente aqueles que o buscam,
e provocando nas pessoas uma busca pela bênção
acima da busca pelo próprio Abençoador.

É preciso entender que
quem ama a riqueza jamais ficará satisfeito (Eclesiastes 5.10),
que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males 
(1 Timóteo 6.10) 

e que Deus trata com seu povo como quer,
tanto enriquecendo uma pessoa de condição humilde
quanto empobrecendo uma pessoa que tinha posses 
(Tiago 1.9-10),
pois o que importa é aprendermos a viver contentes em qualquer situação,
seja na fartura ou seja na fome, seja tendo muito ou passando necessidade,
podendo todas as coisas nAquele que nos fortalece 
(Filipenses 4.12-13).

Além disso, é preciso compreender que a riqueza do justo
só faz sentido tendo em vista a generosidade,
pois a Bíblia também ensina que se Cristo, sendo rico,
se fez pobre (2 Coríntios 8.9), então nós também devemos ser generosos
e distribuir, repartir, dar aos pobres com alegria,
para que nossa justiça dure para sempre,
e nosso poder seja exaltado em honra 
(Salmo 112.9).
Não faz o menor sentido alguém se gabar de ter abundância de recursos
e deixar seu irmão em necessidade 
(1João 3.17).
Não é por acaso que os primeiros cristão tinham tudo em comum
e distribuíam suas posses conforme a necessidade de cada um 
(Atos 2.43-45),
e não é em vão que Jesus ensinou que
é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha
do que um rico entrar no reino de Deus
 (Mateus 19.24).
Pois o "deus" Mamom (Dinheiro) é o senhor
pelo qual muitos deixam de seguir a Cristo,
mas ninguém pode servir simultaneamente a Deus e ao Dinheiro,
sendo necessário desprezar um dos dois  
(Lucas 16.13).
Sendo assim, então, é lícito orarmos para sermos prósperos
como Abraão, Isaque, Jacó, Jó ou Salomão?
A resposta é: Depende do que você vai fazer com o dinheiro.
A riqueza pode ser bênção ou maldição.
"Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm" (1Coríntios 6.12).
Certamente, a quem muito é dado, muito será cobrado (Lucas 12.48).
Por isso, eu ouso afirmar que, assim como aqueles
que são mestres na igreja de Deus serão julgados com maior rigor (Tiago 3.1),
assim também, aqueles que tiverem mais posses também o serão. 

Portanto, toda vez que Deus te abençoar, seja generoso!
Seja fiel no pouco, mostrando o seu desprezo pela riqueza,
e então Ele te abençoará ainda mais, colocando você sobre o muito (Mateus 25.21).
Veja o exemplo desses homens riquíssimos que a Bíblia cita:
Abraão era totalmente despreendido.
Abriu mão de sua terra, de seus parentes,
até mesmo do filho que Deus lhe deu.
Ele provou que amava a Deus, não à bênção.

Isaque não relutou em abandonar a terra onde havia prosperado
quando o rei Abimeleque lhe pediu,
mesmo sendo Isaque mais poderoso do que os filisteus,
e não se incomodou em trabalhar pesado novamente
para reabrir os poços que haviam sido entulhados (Gênesis 26.16-18),
e depois se mudou de novo e de novo, recomeçando do nada, trabalhando duro.

Jacó não hesitou em trabalhar de graça para Labão por 7 anos,
somente pelo amor de Raquel - e depois outros 7,
já que Labão lhe dera Lia ao invés de Raquel.

Jó louvou ao Senhor depois de perder os bois, os jumentos, as ovelhas,
os camelos, a casa, os empregados e os filhos, dizendo:
"Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei.
O Senhor o deu, o Senhor levou; louvado seja o nome do Senhor" (Jó 1.21).

Salomão teve a possibilidade de pedir qualquer coisa que quisesse para Deus,
porém escolheu pedir somente Sabedoria (1Reis 3.5-10).
Se você tem um coração
totalmente quebrantado e dedicado a Deus e ao próximo,
e já tem se mostrado fiel no pouco,
então pode ficar tranquilo e orar fervorosamente pedindo prosperidade material.
Mas caso contrário, é melhor para você
- enxergando a eternidade como horizonte -
pedir a Deus primeiro o coração generoso no pouco que você tem,
buscando em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça,
deixando que as demais coisas lhe sejam acrescentadas (Mateus 6.33).
Afinal, se é melhor entrar no reino de Deus com um só olho,
uma só mão ou um só pé, do que ir para o fogo do inferno
com dois olhos, duas mãos ou dois pés 
(Marcos 9.43-50),
e certamente é melhor entrar pobre no reino de Deus
do que ir rico para o fogo do inferno.
Pois a verdadeira prosperidade é a Salvação.
 E a verdadeira vida é a Vida Eterna. Amém!

Agora, se você já se resolveu nessas coisas,
então Deus pode te abençoar nas colheitas,
e você verá as janelas dos céus abertas, e os frutos virão a cem por um.

www.blogdopastortulio.blogspot.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário