sábado, 25 de janeiro de 2014

Geração Solidária (Números 32.18)

Egoísmo não - Fazer diferente - Gade, Rúben e Manassés do Leste
Devocional de 25/01/2014.

Não retornaremos aos nossos lares enquanto todos os israelitas não receberem a sua herança (Números 32.18)

Passados 40 anos de peregrinação pelo deserto, os israelitas chegaram à terra da promessa, no lado leste do rio Jordão, de frente a Jericó. Agora era derrotar os inimigos e tomar posse da terra. Mas a tribo de Rúben, a tribo de Gade, e metade da tribo de Manassés, viram que as terras de Jazar e de Gileade, aonde estavam, eram exatamente aquilo que sonhavam. Então, pediram permissão a Moisés e aos demais líderes do povo para ali ficarem.

Moisés concordou, desde que a posse dessa terra lhes fosse dada somente depois que eles atravessassem o Jordão com seus irmãos israelitas e combatessem com eles, somente retornando após as outras 9 tribos e meia tivessem conquistado os seus territórios. E assim aconteceria. Somente após cada uma das outas tribos terem derrotado seus inimigos, foi que as 2 tribos e meia voltaram e descansaram em Gileade e Jazar.

Rúben, Gade e Manassés do Leste entenderam que os interesses da nação são mais importantes que os interesses particulares das partes. Perceberam que não poderiam ser egoístas e ficar preocupados em apenas resolver os seus próprios problemas. O compromisso de não descansar até que todos os seus irmãos se acomodassem é um belo exemplo a ser seguido por nossa geração.

Digo isso porque provavelmente nossa geração é a mais egoísta que já habitou este país. Desde motoristas que não aguardam o pedestre atravessar até o passageiro que não dá lugar a idosos e mulheres no ônibus, somos um povo muito egoísta. Desde o cliente que não concorda em dar gorgeta até o apressado que não segura o elevador para o próximo entrar, temos pensado muito em nós mesmos somente. Desde a "amiga" que só sabe falar de si  e nada pergunta sobre sua interlocutora até o o palestrante incapaz de citar a fonte usada, a gentileza tem passado longe de nosso dia a dia.

Muitos de nós utilizamos as redes sociais para mostrar as nossas próprias fotos ou falar o que pensamos com muito mais frequência do que curtirmos ou comentarmos o que os outros postam. Muitos de nós excluímos de nossas amizades (reais ou virtuais) as pessoas que dizem algo que não concordamos. Muitos de nós nos preocupamos somente em "garantir o nosso", seja na hora de comer, na hora de estacionar, na hora de projetar a carreira ou na hora de adquirir um produto ou serviço. Não denunciamos um produto defeituoso ou um profissional ruim que nos atende. Simplesmente viramos as costas e deixamos que outro trouxa se vire com isso.

Nosso senso de comunidade é ridículo! O lixo nas ruas, praias e rios; as calçadas e ruas insistentemente esburacadas; os pequenos delitos que deixamos passar sem denunciá-los; a  sonegação e a pirataria para as quais fazemos vista grossa; a perversão e o vício que aceitamos sem combater e ajudar; a corrupção e a violência com as quais consentimos ao votar no "rouba mas faz", a falta de cuidado com o meio ambiente... escancaram o tamanho da cratera do silêncio e do vazio no qual a maioria de nós nos enfiamos, e não temos coragem de sair.

Mas assim como as duas tribos e meia decidiram fazer diferente e dar suas vidas em guerra para que seus compatriotas pudessem ser tão abençoados quanto eles estavam sendo, assim também chegou a hora de nos levantarmos como Geração Solidária!

É tempo de praticarmos empatia e pensarmos no outro em tudo o que fizermos. A solidariedade não pode ser somente uma ação que praticamos no final do ano, doando alguma coisa para uma creche ou organização social. Não! Chegou o dia em que uma Geração Solidária vai se erguer e praticar o bem todo os dias o dia todo, em tudo o que fazem.

A Geração Solidária é gentil: O outro tem a preferência sobre mim, especialmente se ele for mais frágil do que eu. O atendente não está ali me servindo porque "tem obrigação", eu sei que ele vai me atender melhor se eu valorizar o seu trabalho e a sua pessoa. O veículo no qual estou e o elevador que está subindo podem levar mais alguns amigos, e alguns segundos de espera não vão mudar tanto a minha vida quanto o sorriso da pessoa que ajudei. Eu não me torno menor ao honrar o autor de uma obra, pelo contrário, eu vivo melhor quando me vejo como eterno pesquisador e aprendiz. Sou amigo de alguém não porque alguém é meu amigo, mas porque meus ouvidos e ombros são dele também.

A alegria da Geração Solidária está na felicidade do outro: Eu sei olhar com bons olhos a viagem do outro, o domingão em família, a refeição bem-preparada, a frase de desabafo, o relacionamento gostoso e até a mensagem repetida que o amigo publica para a posteridade. Eu sei conviver com pessoas que pensam diferente de mim a respeito de um monte de coisas, especialmente futebol, política e religião. Eu não "mato um" para "garantir o meu", antes luto para que todos possam ter acesso ao que é bom. E quando algum produto ou serviço que acessei é ruim, eu não hesito em me manifestar, sugerir, aprimorar e até denunciar, para evitar que outros sejam prejudicados.

Não é em qualquer lugar que a Geração Solidária joga seu lixo. Aliás, o conceito de lixo é revisto sempre! É de se jogar fora ou serve para alguém? Papel e plástico não é lixo. Onde mando reciclar? Vi alguém praticando um delito? Não vou esperar a polícia e as autoridades resolverem tudo sozinhos, vou ajudá-los, vou denunciar. E se for possível, vou exortar aquele que praticou o delito, convencendo-o a mudar seu comportamento - seja uma fila furada, um imposto sonegado, uma depredação, um furto, ou um jeitinho brasileiro qualquer. Posso não interferir diretamente nos costumes morais e nos vícios das outras pessoas, mas não posso permitir que meus impostos financiem a imoralidade e o uso de entorpecentes. Meu voto não é por interesse pessoal ou simpatia, mas escolho o candidato que for melhor para o bem comum.

Não é fácil ser Geração Solidária. É preciso amar o outro como amo a mim mesmo. É preciso dar preferência para o outro. Ser Solidário é lutar pelo sonho do outro, mesmo quando o meu próprio sonho já está realizado. É ser como Gade, Rúben e Manassés do Leste em relação às demais tribos de Israel. Mas é exatamente isto o que Deus espera de nós. Qualquer atitude menor do que esta não tem o aval divino! O padrão é alto, sim, mas é o padrão mínimo para quem foi desenvolvido para ser imagem e semelhança de Deus. Fomos criados uns para os outros. Fomos feitos para amar!

Que Deus nos abençoe com Graça e Paz!

blogdopastortulio.blogspot.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário