Mensagem ministrada na Igreja Batista Central do Barreiro em 15/01/2014.
"E por sua culpa trará ao sacerdote uma oferta dedicada ao Senhor: um carneiro do rebanho, sem defeito e devidamente avaliado. Dessa forma o sacerdote fará propiciação por ele perante o Senhor, e ele será perdoado de qualquer dessas coisas que fez e que o tornou culpado"".
O Senhor disse a Moisés:
""Dê este mandamento a Arão e a seus filhos: Esta é a regulamentação acerca do holocausto: ele terá que ficar queimando até de manhã sobre as brasas do altar, onde o fogo terá que ser mantido aceso.
O sacerdote vestirá suas roupas de linho e os calções de linho por baixo, retirará as cinzas do holocausto que o fogo consumiu no altar e as colocará ao lado do altar. Depois trocará de roupa, e levará as cinzas para fora do acampamento, a um lugar cerimonialmente puro.
Mantenha-se aceso o fogo no altar; não deve ser apagado. Toda manhã o sacerdote acrescentará lenha, arrumará o holocausto sobre o fogo e queimará sobre ele a gordura das ofertas de comunhão.
Mantenha-se o fogo continuamente aceso no altar; não deve ser apagado.
(Levítico 6.6-13)"
É bastante provável que você já tenha visto alguém citar este último versículo fora do contexto do Pentateuco e da Bíblia como um todo. Não fique chateado comigo, mas a verdade da Palavra de Deus é muito maior do que qualquer tentativa humana, ainda que bem intencionada, de animar um auditório. Seria mais fácil para mim e me tornaria mais popular uma ministração "espirituosa" desse texto, voltada para a experiência sobrenatural. Mas Deus me chamou para pregar a sã doutrina, segundo o que você precisa entender - e não o que espera ouvir. Que o Senhor nos abençoe!
O livro de Levítico trata do culto. Ele ensina o que Deus espera que os sacerdotes, as autoridades, a comunidade como um todo e cada indivíduo do seu povo deve fazer para o adorar.
Por incrível que pareça, o culto que Deus espera não necessariamente tem que ter música; não necessariamente tem que ter uma nova palestra motivacional, ainda que baseada na Lei de Deus; e não necessariamente tem que ter avisos sobre as programações que estão bombando. Tudo isso é bom. Mas não é fundamental!
Mas há quatro elementos que sempre são esperadas por Deus daqueles que o querem adorar em Espírito e Verdade em um Culto segundo a Sua vontade: Oferta, Altar, Fogo e Sacerdote.
1) Oferta
Não estou falando de dinheiro. Nunca recebi dinheiro da igreja, espero nunca precisar, e não vou tratar de dinheiro agora, até porque não é sobre isso que a Bíblia trata aqui.
Mas a oferta que Deus espera e descreve em Levítico é um animal, um cordeiro macho sem defeito, cujo sangue deve ser derramado, cuja gordura deve ser queimada, e cuja carne deve ser comida.
Este animal deve ser oferecido a Deus no lugar da pessoa que está trazendo a oferta. A pessoa individual, ou o chefe da família, ou a autoridade do povo, ou o sacerdote da nação oferecia o sacrifício pelo perdão dos pecados da própria pessoa que lá estava, ou da família representada pelo chefe, ou da comunidade representada pela autoridade, ou da nação representada pelo sacerdote.
O culto é oferecido a Deus para que Deus perdoe os pecados daqueles que prestam culto. A oferta é dada para que haja propiciação pela culpa. A ira de Deus é apaziguada pelo sacrifício de paz e comunhão entre Deus e o homem. (Levítico 6.6-7)
Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. (João 1.29)
O próprio Jesus é o principal elemento do culto. Sem Jesus não há oferta e, portanto, não há culto. O Pai não recebe nenhuma oferta de sacrifício que não seja o próprio Jesus. (João 14.6)
É por meio de Jesus que oferecemos a Deus um sacrifício de louvor quando confessamos o Seu nome. (Hebreus 13.15)
O confessar o nome de Jesus é que é o sacrifício de louvor, não é o louvor em si um sacrifício, pelo contrário, louvar é um prazer. Portanto, cante louvores se você estiver alegre, mas se você estiver triste e aflito: ore. (Tiago 5.13)
Não há nada que eu, ou você, ou nós juntos, ou qualquer pessoa possamos oferecer a Deus por nossos pecados. Somente o sangue de Cristo na porta da nossa casa nos torna aceitos na presença de Deus. (Êxodo 12.13)
O Pai só nos conhece porque ao nos ver ele não nos vê a nós mesmos, mas vê o Cristo em nós, e por isso reconhece sua glória. (Colossenses 1.27)
Ele não me vê, ele vê o Cristo que vive em mim. (Gálatas 2.20)
Quando tomamos a Ceia do Senhor nós declaramos que Ele é a nossa Oferta apaziguadora diante do Pai, oferecida por causa dos nossos pecados. (Mateus 26.26-28)
2) Altar
Erram aqueles que pensam que Altar é o púlpito do templo de onde o dirigente da igreja coordena uma reunião.
Também erram aqueles que pensam que Altar é sinônimo de coração, e que Altar Aceso significaria Coração Fervoroso.
Outro engano: Altar não é a Mesa sobre a qual o Padre celebra a Missa, ou a Mesa sobre a qual o Pastor ministra a Ceia do Senhor.
Não! É muito bom termos uma igreja organizada aonde todos sabem para onde olhar durante as reuniões; é muito bom termos uma cerimônia limpa e serena onde celebramos a Ceia e relembramos o sacrifício de Cristo, aceitando-o; e também é muito bom termos um coração pulpitando de vontade de agradar a Deus, mas Altar não é isso!
Altar é o lugar aonde a oferta é queimada para Deus.
O Calvário foi o lugar aonde o Senhor Jesus foi sacrificado por nós. A Cruz é o Altar!
Se alguém quer seguir Cristo e adorar a Deus precisa tomar a sua Cruz e morrer para si mesmo. (Mateus 16.24)
Sua Cruz é seu Altar aonde você se mortifica diariamente, fortalecendo o Espírito de Deus que há em você e subjugando, escravizando, esmurrando o próprio corpo e seus desejos pecaminosos. (1 Coríntios 9.27)
Se você quiser cultuar em verdade ao Deus Eterno, precisa aceitar o sacrifício que Cristo já fez em seu lugar e oferecer o seu próprio corpo na Cruz (Altar) como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. (Romanos 12.1)
O Altar não é um lugar bonito, agradável nem cheiroso. O que será queimado sobre ele é a gordura do pecado, do excesso, do que não faz bem se alimentar.
O Altar é o lugar aonde você confessa o pecado e a culpa. (Tiago 5.16)
Quando sua vida está na Cruz, no Altar da Misericórdia de Deus, as suas transgressões são colocadas para fora e abandonadas. (Provérbios 28.13)
3) Fogo
Não está errado interpretar Fogo como entusiasmo, poder ou unção do Espírito na vida da pessoa. Há textos bíblicos que suportam isto.
Mas na grande maioria das mais de 570 vezes em que o Fogo é citado na Bíblia, o Fogo expressa a Ira de Deus, o Fogo do Inferno não que vai cessar. (Marcos 9.43)
E no contexto do culto em Levítico, o Fogo que arde continuamente no Altar não é outro senão o Fogo da Ira de Deus, que queima o sacrifício substituto como se queimasse o pecado que tanto aflige a Deus, o pecado que entristece e faz separação entre Deus e os homens. (Isaías 59.2)
O Fogo no Altar não fica queimando o vento. Ele fica aceso porque está sempre queimando o holocausto que representa o pecado. O pecado precisa ser continuamente queimado porque ele está sempre à porta. (Gênesis 4.7)
O adorador do Deus Altíssimo conhece as suas transgressões, e sabe que o o seu pecado está sempre diante dele. (Salmo 51.3)
É por isso que o nosso pecado precisa ser continuamente confessado a Jesus, para que sejamos sarados. (2 Crônicas 7.14)
Se confessarmos os nossos pecados, Ele é Fiel e Justo para nos perdoar os pecados e nos purificar, com Fogo, de toda a injustiça. (1 João 1.9)
Para manter o Fogo sempre aceso no Altar, precisamos continuamente confessar os pecados (nossos, de nossa família, de nossa comunidade, de nossa nação) para que a Ira de Deus se desvie de nós. (2 Crônicas 29.10)
Ou, melhor que isto, devemos confessar o Nome de Jesus, que foi esmagado por nossa culpa e oferecido em sacrifício em nosso lugar. (Isaías 53.3-10)
Manter o Fogo aceso continuamente sobre o Altar é mais do que conservar um entusiasmo pentecostal, orar em línguas ou algo assim. Isso é bom! Mas o que acender o Fogo aqui é sobretudo confessar o Senhorio de Jesus e viver a vida que Ele espera, de modo a reconhecermos o Cordeiro no Altar como sacrifício por nós mesmos, pelos nossos amigos ou pelo mundo perdido sem Deus, deixando que o próprio Deus lance o Fogo sobre o Altar, pois o Fogo vem de Deus. (Levítico 9.24)
4) Sacerdote
Erram aqueles que pensam que o sacerdote é o clero de uma igreja, alguém ordenado a padre, pastor ou algo assim. Não é!
Embora entre os Israelitas houvesse uma família especial dedicada a este serviço (família de Arão) e uma tribo dentre o povo totalmente separada para cuidar do culto (Levitas), Deus não espera que um mediador seja colocado entre você e Deus, senão o próprio Jesus Cristo. (1 Timóteo 2.5)
Todos nós, que cremos em Jesus e fomos libertos do pecado pelo Seu sangue, fomos constituídos reino e sacerdotes para Deus. (Apocalipse 1.5)
Todos os que fomos chamados das trevas para a maravilhosa luz de Deus somos geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo escolhido para anunciar as grandezas de Deus. (1 Pedro 2.9)
Como sacerdotes, é nosso ofício de todas as manhãs colocar mais lenha sobre o Altar e arrumar o holocausto sobre o Fogo. (Levítico 6.12)
Isto significa que o Fogo vem de Deus, mas quem coloca a lenha debaixo do Altar é o homem. (1 Reis 18.33)
A lenha que alimente o Fogo da Ira de Deus é o arrependimento dos pecados. (Atos 3.19)
O Sacerdote também se veste de roupas especiais (por fora e por dentro) e lança fora a cinza do holocausto anterior. (Levítico 6.10-11)
As roupas especiais com as quais devemos nos revestir são: profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. (Colossenses 3.12)
As cinzas que devemos lançar fora são as lembranças do pecado que já passou e foi perdoado. (Hebreus 10.17)
Pois em Cristo as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo. (2 Coríntios 5.17)
Por isso, o Sacerdote lança fora as cinzas das lembranças do pecado cometido, para que por meio do arrependimento este pecado jamais volte. Jogar as cinzas quer dizer: "Vá e não peques mais!" (João 8.11)
Portanto, cultuar a Deus significa manter o Fogo aceso continuamente no Altar, isto é:
- Reconhecer a Oferta (Jesus), que já foi entregue por você há 2000 anos atrás.
- Reconhecer o Altar (Sua Cruz), que indica que você não segue mais os seus desejos pecaminosos, mas vive em santidade, com o objetivo de agradar a Deus.
- Reconhecer o Fogo (Ira de Deus), que queima os seus pecados e permite que Jesus aceite Você, agora arrependido e justificado.
- Reconhecer o Sacerdote (Você), que anda revestido com as vestes do amor e da justiça, e segue manhã após manhã botando a lenha do arrependimento e jogando fora as cinzas do passado.
Que o Senhor nos abençoe!
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