"Mas escolha dentre todo o povo homen capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e inimigos de ganho desonesto. Estabeleça-os como chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez" (Êxodo 18.21).
Os israelitas haviam crescido muito em número, e quando deixaram o Egito já eram surpreendentes 600 mil homens, sem contar as mulheres e as crianças (Êxodo 12.37). Eles marcharam rumo à terra prometida, organizados segundo suas divisões (Êxodo 12.51), pois sem organização é impossível se chegar aonde se deseja.
Embora as divisões do povo segundo tribo e família, com as devidas responsabilidades e sequência de marcha, todo problema que surgia era levado para Moisés resolver, segundo a orientação de Deus (Êxodo 18.15). Mas além de estressar Moisés, essa centralização também cansava o povo, que ficava horas na fila aguardando a oportunidade de falar com ele (Êxodo 18.13).
Jetro, sogro de Moisés, que havia vindo visitá-lo, viu a situação e mostrou a Moisés que isto não era bom (Êxodo 18.15), e lhe propôs uma organização hierárquica das famílias dentre o povo de Deus, na qual Moisés estabelecerias líderes em diversos níveis, de modo que em qualquer pequeno grupo pessoas haveria um responsável para cuidar delas (líder de 10), que contaria com o apoio de outro líder que supervisionaria cinco a dez líderes de dez pessoas (líder de 50 e de 100), e que por sua vez seria cuidado por um outro líder que supervisionaria cerca de dez líderes de cem (líder de 1.000), e assim por diante até chegar em Moisés.
Moisés acatou o conselho do sogro (Êxodo 18.24) e a partir disto pôde se dedicar à Palavra de Deus e a Oração - lembrando os apóstolos de Cristo quando escolheram os diáconos para lhes auxiliar (Atos 6.4). Foi somente depois de descentralizar e estabelecer esses líderes que Moisés subiu ao monte, recebeu os dez mandamentos, escreveu outras leis e se dedicou à confecção do Tabernáculo de Deus na terra, levando Israel a se tornar, conforme a vontade de Deus, uma nação santa e um reino de sacerdotes (Êxodo 19.6).
Nos dias de hoje, não é difícil encontrarmos líderes que pensam - como Moisés - ser chamados a fazer tudo. Desde pastores que aconselham, cantam, tocam, recolhem ofertas, administram o dinheiro, ordenam construção, oram, pregam e organizam eventos até empresários que pagam contas, emitem faturas, visitam clientes, consertam fechadura, mudam o site e aconselham o funcionário, é comum encontrarmos pessoas que têm dificuldades em deixar que outros façam as tarefas que eles julgam que ninguém é capaz de fazer como eles.
É fato que as pessoas que estão nesta situação não são líderes por acaso, e fazem com primazia tudo que lhes vêm à mão, e se irritam facilmente com a leniência das pessoas, entendendo que é mais fácil pegar e fazer do que ensinar alguém a fazer e ainda ensinar esse alguém a liderar. Mas são muitos os estudos de administração e liderança que provam que a principal característia de um líder que alcança resultados não é sua capacidade de execução, nem seu carisma, mas o líder que alcança os melhores resultados é o líder capacitador.
O líder capacitador é um mestre, sempre desenvolvendo outros líderes. Ele discipula, formando no outro o caráter que está nele. Em Números 11.16-17, a Bíblia nos mostra que Deus colocou o mesmo Espírito que estava em Moisés nos 70 líderes que o auxiliavam diretamente. Ou seja, a capacidade e o poder que estava em Moisés foi dividido com os seus liderados, de modo que eles foram preparados para guiar o povo e fazer as coisas com a mesma competência que Moisés faria.
O líder que não capacita não encontra tempo para o novo, para a criatividade e para deixar o legado. Somente após delegar e capacitar seus líderes, Moisés pôde se dedicar ao Monte de Deus, ao Tabernáculos, à Lei e aos Mandamentos - os grandes legados que ele deixou para a humanidade.
Que Deus abençoe você e lhe permita agregar e capacitar pessoas a fazer o que você faz hoje, a fim de que se dedique a novos desafios e os conquiste, influencie mais pessoas, realize mais coisas e deixe um legado. Capacite e delegue!
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