"Disse então ao homem: ‘No temor do Senhor está a sabedoria, e evitar o mal é ter entendimento’" (Jó 28.28).
É bastante conhecido o texto de Provérbios que afirma que "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Provérbios 9.10). A novidade é que, muito antes de Salomão ensinar isto, este princípio já havia sido escrito muitos anos antes, pelo sofrido Jó. Ele fala sobre isto em meio a um longo discurso de defesa da sua justiça e de suas atitudes corretas perante Deus e os homens, depois de ouvir diversos conselhos de seus amigos.
Jó explica a seus amigos que o homem procura a sabedoria por toda a parte, mas só pode encontrá-la quando teme a Deus e evita o mal (Jó 28.28). Não ha nada que se deva buscar mais do que a sabedoria, pois ela é muito mais valiosa do que o ouro e todas as pedras preciosas (Jó 28.15-19), mas para encontrá-la o homem deve fugir do mal e apartar-se dele, por temor a Deus. Então Jó apresenta uma série de exemplos práticos onde mostra como ele exercitava isto, seguindo os mandamentos de Deus, cuidando dos necessitados, fugindo das paixões, repartindo o pão, cumprindo com seus deveres, sendo fiel a Deus e evitando o mal.
Mesmo estando em situação física absolutamente desfavorável, Jó resolveu gastar um tempo falando de sabedoria porque seus amigos escancaravam a falta dela, com conselhos que não faziam sentido para ele. Enquanto eles procuravam lhe imputar alguma culpa, ele lhes mostrava que mesmo que as palavras que diziam fossem verdadeiras, elas não se aplicavam a ele naquele momento. Belas e bíblicas palavras para ele eram vazias, não tinham nenhum valor.
Preste atenção: se você pegar os discursos dos amigos de Jó em qualquer contexto que não seja o da dor e da angústia que Jó estava vivendo, os discursos são plenamente belos, verdadeiros, interessantes e aplicáveis. O problema dos amigos de Jó é que eles não tiveram compaixão, misericórdia, amor e empatia para se colocarem no lugar dele, ouvi-lo, entendê-lo, respeitá-lo e amá-lo. As palavras deles eram vazias porque eram desprovidas de comunhão. Eles não davam crédito à defesa de Jó porque não davam atenção ao sofrimento dele. Eles o tratavam como louco e queriam que ele se considerasse culpado sem ser. Faltou-lhes sabedoria porque não tiveram amor a Jó. Faltou-lhes amor a a Jó porque não tiveram temor de Deus.
Tudo começa no temor do Senhor. Quando você teme a Deus, você aprende a amá-lo e quer honrá-lo em tudo. Consequentemente, o Espírito Santo produz em você amor e compaixão ao próximo. Então, imbuído de amor, você se torna sábio, pois suas palavras e atitudes deixam de ser meras repetições vazias e se tornam sinceras, firmes, agradáveis e oportunas para as pessoas à sua volta. É muito mais sábio soltar uma frase mal elaborada e meio que sem sentido porém sincera e amável, do que uma profunda reflexão filosófica, recheada de teologia e ciência, mas sem misericórdia.
Tema a Deus no coração antes de abrir a sua boca. Sem temor a Deus e sem amor ao outro, nem mesmo as palavras da Bíblia são palavras de Deus (o próprio diabo citou as Escrituras muitas vezes). Ao aconselhar, somente fale algo depois de se certificar de que você realmente se colocou no lugar do outro. Agindo assim, você terá entendimento e evitará o mal, sobretudo o "pré-conceito", a discriminação, a "fogueira santa" e todo tipo de acusação diabólica disfarçada de sabedoria com roupagem religiosa.
Ame em primeiro lugar. Veja no outro a imagem e semelhança de Deus. Enxergue no outro o bebezinho lindinho que ele(a) já foi um dia, inocente, simples, frágil, pequeno(a), doce, necessitado(a) de cuidado e carinho. Veja o outro com os olhos de Deus. Somente assim suas palavras farão sentido, sejam elas de advertência, concordância ou repreensão. É preciso ter amor para aconselhar. Deus te abençoe!
Graça e Paz!
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